terça-feira, 6 de outubro de 2009

Elvira e o mundo

E ela não sabe se é ou se não é,
se sorri ou se chora,
se grita ou se cala;
fica tacitamente a observar
as cores que vêm e se insinuam
em meandros exóticos,
tal qual sonhos caóticos.
Apenas seus olhos a enxergar.

Ela, que delira;
ela, que matuta,
indaga-se sobre a profunda
e incognoscível significação do existir.
Não sabe no que acredita,
se na noite, se no dia.
Apenas a dúvida daquilo que está por vir.

Seu estado de embriaguez
inala todo o peso do mundo,
mesmo que etilicamente ou corajosamente.
Ela queria carregá-lo sobre os ombros.
queria ser ele por si,
em si.

Fecha os olhos e vê o escuro,
o brilho do nada que ofusca e
caminha com o estigma da lágrima.
Pensamentos soltos, simples
como o ar.

Olha para o nada e vê o nada
assusta-se com sua vastidão.
Fita. Continua a observar. Sente.
... até alguém re-acordá-la.

Sua memória fraca a faz esquecer
o que não lhe interessa,
como o beijo sem língua, ou o sexo sem alma.

Coragem é o que a falta.
Querer tanto o simples complica-a,

Faz-se única enquanto tudo vira um só.

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